Os policiais militares Valdeci Alexandre Ricardo da Silva e Bruno César Malheiros dos Santos, tiveram a liberdade provisória concedida nesta terça-feira (19). Eles estavam presos desde o dia 17 maio, após envolvimento na morte do ex-vereador Wander Alves Meleiro, conhecido como Dinho Vital. ocorrido no dia 08 de maio, aniversário de Anastácio.
A soltura foi determinada no início da tarde pela Juíza Kelly Gaspar Duarte, da 1ª Vara da Comarca de Anastácio, após um pedido de revogação da prisão feita pelos advogados de defesa, Lucas Arguelho Rocha e Luciano Albuquerque Silva.
Dinho se envolveu em uma briga por não concordar com articulações na política do município, na festa que aconteceu em uma chácara, em comemoração ao aniversário da cidade. Ele teria saído da festa e voltado armado. Os policiais que estavam à paisana no evento, sabendo que ele voltaria armado e disposto a fazer algo, interceptaram o ex-vereador na Br-262, próximo à entrada da chácara, onde Dinho teria apontado a arma para os dois, que revidaram, atingindo Dinho com disparos de arma de fogo.
No dia 30 de outubro, eles foram interrogados durante a terceira audiência de instrução e julgamento do caso, quando testemunhas que estavam presentes na festa de aniversário da cidade, onde se iniciou toda confusão foram ouvidas no Fórum de Anastácio. Testemunha crucial do caso, um ciclista que teria presenciado a morte de Dinho naquele 8 de maio, também foi ouvida.
No dia da audiência, familiares dos policiais quebraram o silêncio e realizaram uma manifestação pedindo pela liberdade da dupla.
“Dessa forma, atendendo aos princípios da presunção de inocência, dignidade da pessoa humana, proporcionalidade e devido processo legal, demonstrada a desnecessidade da prisão cautelar, compreendo plausível a concessão de liberdade provisória aos réus, conforme requer a sua defesa técnica”, disse a juíza na decisão.
Perito e testemunha ‘derrubam’ tese de execução em morte de ex-vereador
A tese de execução do ex-vereador de Anastácio, também perdeu força com o avanço das investigações. Inicialmente, o laudo do exame necroscópico indicava que o tiro fatal o havia atingido pelas costas, mas uma perícia complementar solicitada pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) revelou que os projéteis que feriram Dinho Vital entraram pelas laterais e pela frente do corpo.
Segundo o mesmo perito médico legista, Ivan de Oliveira Chaves, responsável pelo primeiro laudo, também elaborou o novo documento a pedido do MP, descreve que um dos tiros atingiu Dinho Vital “na região posterolateral direita (de trás para frente, parcialmente lateralizado), saindo pela região anterolateral esquerda”.
O outro disparo entrou pela “região anterolateral esquerda (de frente para trás, parcialmente lateralizado), transfixando a região abdominal, o perito criminal constatou que não houve tiro à queima-roupa.
Outro ponto crucial adicionado ao inquérito foi o depoimento de uma testemunha, um ciclista que passava pela BR-262 próximo ao local onde Dinho Vital foi abordado por policiais militares à paisana. Segundo a apuração, esse homem procurou a Corregedoria da Polícia Militar para relatar o que viu e ouviu. Ele disse que havia parado na rodovia para consertar a corrente da bicicleta quando ouviu gritos: “Polícia, abaixa a arma! Larga a arma! Aqui é a polícia!”. Em seguida, ouviu tiros e viu um homem cambaleando e apertando o abdômen. Acrescentou que não houve mais disparos após este momento.
O ciclista narrou que tudo aconteceu em frente a um veículo preto parado às margens da rodovia – o Fiat Toro de Dinho – e um carro branco logo atrás. A presença da testemunha no local e horário dos fatos foi confirmada por um vídeo de câmera de segurança do posto Taquarussu.
Corregedoria inocenta Policiais Militares
Durante as investigações, foram ouvidas 35 pessoas e analisadas imagens de câmeras de segurança, imagens gravadas na festa e conversas de WhatsApp. Com base nisso, a corregedoria definiu que os dois policiais atiraram em Dinho Vital durante “o estrito cumprimento de um dever legal – o de defender os convidados de uma festa em Anastácio de um homem armado – e por isso, decidiram pela excludentes de ilicitudes na ação deles”.
Segundo o relatório, a morte de Dinho foi consequência das ações dos policiais, mas estas foram justificadas pelo comportamento ameaçador do ex-vereador, que empunhava uma pistola calibre 9 mm. O documento afirma que, durante a abordagem, foi feita a devida verbalização para que Dinho abaixasse a arma, conforme relatos de testemunhas. “Portanto, diante do apurado cotejo das peças que compõem o presente inquérito policial militar, concluímos que a conduta investigada, embora típica, se coaduna com as excludentes de ilicitudes previstas no ordenamento jurídico vigente”, consta no texto.
O relatório, aprovado pelo corregedor-geral da PM, coronel Edson Furtado de Oliveira, foi encaminhado ao Ministério Público.