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Liberação de cassinos racha aliança de evangélicos com o centrão

O presidente da Frente Parlamentar Evangélica, senador Carlos Viana (Podemos-MG), pediu uma audiência pública

Liberação de cassinos racha aliança de evangélicos com o centrão
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Sempre alinhados em temas morais, como drogas e aborto, parlamentares evangélicos e do centrão se dividiram sobre a liberação dos jogos de azar. Enquanto os evangélicos votaram contra, o centrão votou e aprovou o texto na CCJ (Comissão de Justiça e Cidadania) do Senado depois de já tê-lo aprovado na Câmara.

Ao defender a proibição de apostas, a bancada apela para a moral cristã, cara ao eleitor evangélico. "Mesmo que a Bíblia não proíba os jogos de azar e bebida alcoólica, os fiéis são instruídos a se afastarem de ambientes assim", explica Raquel Sant'Ana, antropóloga e pesquisadora evangélica na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

"É uma questão profundamente moral", disse o senador Eduardo Girão (Novo-CE), membro da Frente Parlamentar Evangélica. "Leva pessoas ao vício, que por sua vez leva muitos ao suicídio, destruindo famílias", diz.

Não se trata de medo de perder evangélicos, diz o senador Magno Malta (PL-ES), também da Frente Evangélica. "A questão é que a igreja é um 'hospital, e teremos mais doentes para tratar", disse ao UOL. "Mas o receio é que o Brasil se torne um paraíso para a contravenção."

Em ano eleitoral, a bancada evangélica não vai apoiar a liberação de cassinos. "Sempre será bom para a bancada se posicionar sobre o que seus eleitores consideram a defesa da moral cristã", diz o cientista político da USP Vinicius do Valle, diretor do Observatório Evangélico. "Se votasse pela legalização, opositores ou pastores poderiam explorar essa contradição, impactando a opinião dos fiéis sobre esses políticos."

Eleitores evangélicos já respondem a esse apelo em suas redes de contato. "Esta semana circularam muito as notícias sobre pessoas viciadas em aposta, como a enfermeira que desapareceu porque estava viciada no jogo do tigrinho", diz a antropóloga, que monitora grupos evangélicos no WhatsApp e Telegram. "Eles compartilham a informação sempre com alguma frase, como 'precisamos ficar atentos'.

A pesquisadora s obre o assunto, Raquel Sant'Ana comentou: “É preciso temer os danos dos jogos de azar. Isso move a pauta da família, gera coesão. Muitos religiosos se identificam mais com a moral cristã do que com a teologia.”

Bancada ganha até quando perde

O plano do bloco é manter o tema em debate pelo máximo tempo possível. Depois de passar na CCJ, o projeto estava pronto para votação no plenário do Senado, mas uma manobra da bancada evangélica obrigou o texto a passar por nova rodada de discussões.

O presidente da Frente Parlamentar Evangélica, senador Carlos Viana (Podemos-MG), pediu uma audiência pública. "A nossa estratégia é que a população tenha conhecimento do que está sendo proposto", afirmou Viana ao UOL. "Quem defende quer aprovar rapidamente, sem alarde, porque sabe que gera impacto. Nós queremos mais discussão."

O relator do projeto, senador Irajá (PSD-TO), defende ganhos financeiros para o Brasil. Ele disse na CCJ que os jogos hoje ilegais movimentaram até R$ 31,5 bilhões em 2023. A bancada Evangélica acredita que manter o assunto em debate nacional deve ajudar candidaturas evangélicas nas eleições municipais.

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