O empresário pecuarista Carlos Augusto Flores, conhecido como Carlinho, morreu neste domingo (10) aos 63 anos após sofrer um grave acidente durante uma corrida de Porsche em Assunção, no Paraguai.
O acidente ocorreu por volta das 16h, quando Carlinho estava acelerando em uma curva quando perdeu o controle do veículo, colidindo violentamente contra as barreiras de proteção da pista. A equipe médica presente no evento prestou os primeiros socorros, no entanto, devido aos graves ferimentos, o pecuarista não resistiu.
Segundo informações locais, devido ao impacto, o pecuarista teve quatro costelas e uma mão quebradas, lesão no punho e clavícula, além de quatro paradas cardíacas antes de ser socorrido.
Além de sua carreira como empresário no setor agropecuário, Carlinho era conhecido por seu envolvimento nas corridas de cavalos e pela participação ativa em eventos automobilísticos.
Prisão em flagrante
Em 2020, “Carlinhos Flores” foi um dos alvos dos mandados de busca e apreensão na terceira fase da Operação Omertà, onde foi preso em flagrante por porte ilegal de armas em Ponta Porã, a 323km de Campo Grande.
À época, policiais do Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros (Garras), encontraram uma pistola calibre 380, outra calibre 40 e um revólver calibre 38.
Carlinhos foi levado para a 1ª Delegacia de Polícia Civil e autuado em flagrante por crimes do sistema nacional de armas, após o pagamento de R$10.400 imposto pelo delegado plantonista, foi colocado em liberdade.
De acordo com informações da época, o empresário entrou na mira da Omertà após falar em uma festa que após o retorno de um dos chefes do grupo de extermínio de Mossoró (RN) para Mato Grosso do Sul, a quadrilha faria ações para demonstrar força.
Já em 2021, a Justiça de Mato Grosso do Sul arquivou a investigação contra Carlos Augusto, após a análise feita no material apreendido, incluindo celulares, não foi identificado conjunto probatório suficiente contra o empresário, disse o Gaeco ao manifestar pelo encerramento do trabalho investigatório sem denúncia.
Operação Omertà
A Operação Omertà, uma das maiores ofensivas contra o crime organizado em Mato Grosso do Sul e que revelou a existência de uma milícia armada ligada à exploração do jogo do bicho, formada por empresários e agentes de segurança pública, completa cinco anos de deflagração nesta sexta-feira (27).
Ao longo deste período, a operação teve sete fases, sob responsabilidade do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de Mato Grosso do Sul, que resultaram na condenação de 17 acusados, com penas que somam 269 anos de prisão.
Dentre os principais nomes acusados e condenados por envolvimento na milícia armada estão Jamil Name Filho, condenado há mais de 73 anos de prisão; o ex-guarda municipal Marcelo Rios, o policial aposentado Vladenilson Olmedo e o ex-policial federal Everaldo Monteiro Assis.
Omertà em números
Dentre os números expressivos da Omertà estão:
17 condenados
21 ações penais
269 anos em penas de reclusão
11 agentes de segurança pública punidos, entre policiais civis, um delegado, guardas civis metropolitanos, um policial militar e um policial federal
Os crimes denunciados incluem:
Organização criminosa
Obstrução à justiça
Extorsão
Homicídios
Posse/Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido e restrito
Receptação
Corrupção ativa e passiva
Lavagem de dinheiro
Casos emblemáticos
A primeira fase da Operação Omertá foi deflagrada em setembro de 2019.
Dentre os casos emblemáticos, destaca-se o assassinato do estudante Matheus Coutinho Xavier, que foi executado por engano no lugar do pai, Paulo Roberto Teixeira Xavier, conhecido como PX, em 9 de abril de 2019.
Jamil Name Filho foi acusado de ter sido o mandante do crime, enquanto Marcelo Rios e Vladenilson seriam seus intermediadores, ou seja, responsáveis pela contratação de uma dupla de pistoleiros.
Os pistoleiros foram à casa de PX, no Bairro Jardim Bela Vista, em Campo Grande. Assim que a caminhonete saiu da garagem do militar, a dupla disparou tiros de fuzil contra o motorista. No entanto, o filho de PX era quem conduzia o veículo.
Jamilzinho, foi condenado a 20 anos de prisão pelo homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e o emprego de recursos que dificultaram a defesa da vítima.
Ele também foi condenado por posse ilegal de arma de fogo (um fuzil AK-47, de calibre 7,62) a 3 anos e 6 meses de prisão, além de pagamento de 60 dias-multa.
Outro caso de repercussão foi o homicídio do empresário Marcel Hernandes Colombo, conhecido como Playboy da Mansão, morto em 18 de outubro de 2018 em um bar na Avenida Fernando Corrêa da Costa.
O assassinato teria sido motivado por vingança de desentendido anterior da vítima e Jamilzinho em uma boate, em Campo Grande, quando Marcel deu um soco no nariz de Jamilzinho.
Por este crime, Jamilzinho foi condenado a 15 anos de prisão, sendo considerado o mandante do crime.
Marcelo Rios foi condenado a 15 anos de prisão, enquanto o policial federal Everaldo Monteiro de Assis pegou 8 anos e 4 meses de detenção. O primeiro segue preso, já o ex-agente federal poderá recorrer em liberdade, pois não foi decretada a sua prisão preventiva.
O quarto julgado, o ex-guarda municipal Rafael Antunes Vieira foi condenado a 2 anos, 6 meses e 30 dias em regime aberto. Com isso, ele também não será preso.