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Carrasco dos tribunais do crime do PCC é preso após dois anos de caçada

A atuação de Wesley Honorato é detalhada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul em processos nos quais ele é acusado de do

Carrasco dos tribunais do crime do PCC é preso após dois anos de caçada
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Um dos carrascos da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) mais procurados de Mato Grosso do Sul na atualidade, Wesley Celestino Honorato da Silva, 23 anos, foi preso no dia 19 deste mês pelo Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), em Campo Grande.

A caçada por ele durou aproximadamente dois anos. Em 2022, ele participou de duas execuções dos tribunais do crime da facção na cidade de Três Lagoas (distante 326 km de Campo Grande) e era procurado por sua participação nesses crimes.

Na época das execuções, Wesley ocupava uma função no poder judiciário “paralelo” do PCC. Ele era considerado o “disciplina-geral da Costa Leste”, o que não é pouca coisa em uma organização que, assim como o Poder Judiciário, se divide em comarcas, regionais e circunscrições, estruturando-se de forma semelhante.

Wesley Celestino foi preso perto de onde morava, no Jardim Tijuca, em Campo Grande. Nos registros policiais, ele consta como pedreiro ou auxiliar de serviços gerais.  Dentro do PCC, ele tem vários apelidos, como “Velho Bruxo” ou “Príncipe da Facção”.

A atuação de Wesley Honorato é detalhada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul em processos nos quais ele é acusado de dois homicídios: o de Pablo Cristian Azambuja de Queiroz, ocorrido no dia 20 de setembro de 2022, em Três Lagoas, e o de Elias Ribeiro, ocorrido dois dias depois.

Tribunal do Crime: julgamento sumário e execução a sangue frio

Wesley Honorato é tido como o carrasco do PCC, pela função que exerce, a de “disciplina”. É ele, por exemplo, o responsável por garantir que os membros sigam o código de conduta da facção. Ele também é um dos aplicadores do código de justiça paralela do crime organizado.

Foi assim no dia 20 de setembro de 2022. Na ocasião, ele e mais nove identificados pela Polícia Civil executaram Pablo Cristian Azambuja de Queiroz.

Pablo era suspeito de ter abusado sexualmente da própria filha. Isso, porém, era uma acusação conduzida pela Polícia Civil.

O PCC, por ter ligação com Pablo, decidiu puni-lo, e assim foi feito. Ao procurar os integrantes da facção em Três Lagoas, após ter recebido várias ameaças, Pablo foi submetido a um julgamento no tribunal do crime.

Depois de ter sido espancado e chamado de “lixo” por vários integrantes, uma das participantes da facção, Priscila Dayane Ferreira Silva, que ocupa o cargo de disciplina em Três Lagoas, fez contato com os faccionados e a família da vítima.

O julgamento foi online, realizado por meio de uma ligação de vídeo da qual participaram pelo menos 32 pessoas.

A sessão de julgamento terminou com Pablo, que inicialmente negou o crime, confessando o estupro. Não se sabe se ele cometeu de fato o crime ou confessou sob coação.

Após a confissão, foi Wesley quem passou uma corda em seu pescoço e o enforcou. Na sequência, Fábio Ferreira de Souza, o “Fiel PCC”; Micael Henrique Kovalek Moura, o “Lucas Paquetá”; Luciano Oliveira Santos, vulgo “Barriguinha” ou “Conquistador do PCC”; e o próprio Wesley levaram o corpo de Pablo, em um Fiat Pálio pertencente a Fábio, para uma região conhecida como Cascalheira. Lá, o corpo da vítima foi queimado e encontrado alguns dias depois.

Quando o corpo foi encontrado, o tribunal do crime do PCC já havia matado outra pessoa: Elias Ribeiro. Em 22 de novembro, dentro de uma casa de integrantes da facção, ele foi morto com várias facadas, ou “chuchadas”, como eles costumam dizer.

Dessa vez, Wesley participou do julgamento apenas virtualmente. Na ligação, ou “radiação”, como é chamado esse tipo de reunião pela facção, também havia mais de 30 pessoas.

Todos os citados na reportagem respondem por assassinato, cárcere privado e organização criminosa relacionados aos dois homicídios. No caso específico da execução de Pablo, também há a acusação de ocultação de cadáver.

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